Resenha crítica do conto "Aqueles Dois", de Caio Fernando de Abreu

“Aqueles Dois”, Conto de Caio Fernando Abreu, uma “história de aparente mediocridade e repressão”. Tal conto começa narrando a vida de duas almas vazias que acabam de sair de relacionamentos complicados. Saul e Raul, dois homens atraentes que trabalhavam em uma firma que o autor chega a denominar de “deserto de almas vazias”.

O autor desenvolve o conto de forma lenta. Ele descreve os mínimos detalhes da cena, para que o leitor se aproxime cada vez mais da “realidade” do conto.

Dois homens fechados, que não tem costumes de compartilhar sentimentos ou fatos de suas vidas pessoais, se aproximam lentamente e descobrem inúmeras semelhanças entre si. Eram tantas as semelhanças que desenvolveram uma amizade duradoura ao ponto de comemorarem natal, ano novo e até mesmo seus aniversários.

O conto deixa a entender que depois de tantos momentos e segredos compartilhados entre si desenvolveram algo mais que uma amizade, talvez, apenas uma química, mas nada que os levasse a fazer algo mais que um abraço.

Mulheres da firma que antes dessa amizade os assediavam, começaram a se afastar e comentar sobre tal proximidade. Comentários muitas vezes preconceituosos e o mesmo ocorreu com os homens.

No conto, o autor deixa implícito a homossexualidade dos dois protagonistas, fazendo parecer um intrínseco relacionamento. No entanto, o autor não descreve tanto o fato, fazendo surgir algumas dúvidas sobre tal característica.

Depois de um ano de amizade o chefe de Raul e Saul os chamou para conversar sobre cartas anônimas que diziam coisas como: “relação anormal e ostensiva”, “desavergonhada aberração” e “psicologia deformada”. Todas assinadas por “Um Atento Guardião da Moral”.

Tais cartas levaram a demissão dos dois, vítimas de preconceito, que foram acusados de “acabar com a reputação da firma”. E lá foram os dois, embora, juntos, em um táxi.

Resenha por: Flora Borges

Correção final por: Matheus Borges, Fernanda Daniel, Amanda Rosário, Alana Clara.