Resenha crítica do conto "Conto(Não conto)" de Sérgio Sant'Anna

Conto (não conto)

Sérgio Sant’Anna

Conto (não conto) nos faz refletir sobre a existência, e em quase todo o conto, o autor brinca com essa ideia, como em alguns trechos: “Do alto desta folha, um inseto alça voo, solta zumbidos, talvez de medo da cobra. Mas o que são os zumbidos se ninguém para escutá-los? Não são nada, ou tudo."

A ideia central do conto é sobre um lugar vazio onde não existe ninguém, somente uma cobra e alguns insetos. Durante o conto poucas histórias acontecem nesse local. O autor conta uma história de um homem que passa nesse lugar com uma carroça e seu cavalo, mas o cavalo morre com uma picada de cobra, então o homem se despede dele e continua andando puxando sua carroça. Um dia ele morre em algum lugar desconhecido, pois, o único cenário do conto é nesse local vazio, o cavalo morre nesse lugar e o homem morre em outro lugar desconhecido. Depois tudo volta ao normal, um lugar vazio, mas depois chegam outros homens com suas máquinas e povoam esse lugar, e, logo após, outros homens chegam e roubam tudo que os outros tinham construído. Sem nada no local, eles são obrigados a deixarem o lugar. Tudo volta a ficar vazio, e o autor conta que às vezes escutam-se lamentos de angústia, onde ele acredita ser um menino perdido, ou macaquinho perdido, mas depois ele diz que são todos feitos de papel e tinta: o menino, o macaco, a cobra, o homem, o cavalo e os outros homens, como se tudo não passasse de imaginação.

Depois houve uma aridez nesse local que todos foram embora: a cobra e os insetos. Então o lugar ficou ainda mais vazio. O conto inteiro é meio confuso, o autor traz ideias controversas e confusas principalmente no final do conto: “Não existe história onde nada acontece. E uma coisa que não é história talvez não precise de alguém para contá-la. Talvez ela se conte sozinha, mas contar o que? Se não há o que contar. Então está certo: se não há o que contar, não se conta. Ou então se conta o que não há para se contar”.

Elton Moreira Bonadia